No dia 8 de agosto a guarda municipal utilizou o mais moderno equipamento de vigilância e segurança pública, uma central com 123 câmeras espalhadas pela cidade, operadas por dezenas de pessoas durante 24 horas ininterruptas onde finalmente a população porto alegrense poderá dormir segura com a prisão em flagrante de suspeitos de danificar o piso da Orla do Guaíba, trecho 1 construído com dinheiro público mas privatizado por 35 anos, afinal parques públicos não dão lucro pra prefeitura mas isso é outro assunto.
Central de monitoramento da prefeitura de Porto Alegre..
Os indivíduos estavam abordo de skates e removeram 47 pedras do piso podotátil com o objetivo de usar o espaço para prática do “esporte”, o erro aqui é tácito, não há o que questionar, é um crime violento o bastante que merece a punição máxima: ser expurgado na mídia algemado já que matar e sumir com o corpo ainda não é “legalizado”.
“O aparato tecnológico foi fundamental para prisão dos criminosos” disse o secretário de segurança pública que mobilizou viaturas, algemas, armas, fotos e vídeos para garantir a população da capital que poderá visitar a Orla sem correr o risco de ver skatistas manobrando entre as famílias de bem já que a prefeitura com toda sua generosidade construiu a maior pista da América Latrina e por isso a cidade não é pra todo mundo, ou é para aqueles que podem consumir como a classe média-média, se for pobre teu lugar tá garantindo desde que seja bem longe, se não entendeu o sucateamento do transporte público é o recado. Cada um que respeite o limite que a prefeitura te deu democraticamente com muito diálogo.
Andar de skate a partir de agora só com um advogado na sessão porque aquele crooked no corrimão poderá valer uma cana “braba”, skate é legal na Orla em evento de milhões mas na rua é o crime em 2023.
“Eles escolheram não pagar a fiança e foram encaminhados para o sistema prisional”, nesse caso descobrimos, graças ao comandante da guarda municipal, que ser pobre é uma questão de escolha. Deve ser por isso que um dos skatistas escolheu a profissão de barbeiro e escolheu morar na Vila Augusta o bairro mais violento e pobre de Viamão.
Agora se as 47 pedrinhas podotátil valem um show da segurança pública enquanto quase 700 pessoas foram assassinadas no bairro Rubem Berta desde 2011, será que a prefeitura pensa em trazer esse show pra cá? Ou só serve para criminalizar jovens pobres e negros que andam de skate? Gostaríamos de ver os agentes públicos atuando com toda sua mestria para segurar a guerra do tráfico que mata quase que diariamente por aqui. Talvez se a gente privatizasse o Rubem Berta ou chamasse Orla do Rubem Berta, talvez a prefeitura prestasse mais atenção ao nosso rio de sangue e nosso Pôr do Sol da desigualdade. Viva Porto Alegre, quem ama, se cuida.
Texto: Jean Andrade
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